terça-feira, 26 de outubro de 2010

SARAU NA BIBLIOTECA


O Poeta da Roça

Sou fio das mata, cantô da mão grosa
Trabaio na roça, de inverno e de estio
A minha chupana é tapada de barro
Só fumo cigarro de paia de mio.

Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argum menestrê, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola,
Cantando, pachola, à percura de amô.

Não tenho sabença, pois nunca estudei,
Apenas eu seio o meu nome assiná.
Meu pai, coitadinho! vivia sem cobre,
E o fio do pobre não pode estudá.

Meu verso rastero, singelo e sem graça,
Não entra na praça, no rico salão,
Meu verso só entra no campo da roça e dos eito
E às vezes, recordando feliz mocidade,
Canto uma sodade que mora em meu peito.
...

SARAU NA BIBLIOTECA

Amanda e  Professora Silvana - moradoras da Vila São Luiz
 


A nascente da poesia bem que poderia ser na escola.

Se entre a fórmula dura do giz e a fórmula lógica da matemática pudesse nascer um pé de poesia carregado de metáforas.
Se a sirene da entrada da escola fosse um portal para a possibilidade do acesso à subjetividade.

E se tivesse um pouco de poesia nas paredes uniformes do muro escolar, um grafite, um mosaico, um arco-íris, sei lá...
Abrir as portas para a poesia não é tão difícil, nem dói tanto.
Aliás, ela se faz presente todos os dias no cotidiano escolar, basta que estejamos atentos, senão ela pura o muro e sai à busca de pássaros, ipês, pipas, bolas ou de latas velhas e trastes sem serventia, aonde Manoel de Barros se deparou com ela.

Lilia Diniz

sábado, 2 de outubro de 2010

SOBRE A CASA DO SABER

  
CARMEN GRAMACHO E IZA ANTUNES - CASA DO SABER

O Projeto Casa do Saber é uma ação social de iniciativa privada, dedicada a reformar ou construir bibliotecas públicas, por voluntários das mais diversas instituições.
O objetivo é criar acessibilidade ao livro para as pessoas das camadas sociais mais carentes, promovendo desde cedo o gosto pela leitura em local apropriado.
De Agosto de 2007 a Setembro de 2010 já foram criadas mais de 50 Bibliotecas Casa do Saber. Todas elas tiveram a supervisão de profissionais de alto gabarito para que pudessem ser oferecidos livros de boa qualidade, selecionados e atualizados, expostos de forma organizada e de modo a facilitar a operação do usuário.
A inclusão digital é uma das preocupações relevantes. Para todas as bibliotecas estão sendo disponibilizados computadores com dois objetivos, o de facilitar o controle de entrada e saída de livros e possibilitar a pesquisa virtual aos usuários das bibliotecas.
A manutenção das bibliotecas não foi esquecida e um curso para a profissionalização de auxiliares de bibliotecas foi oferecido por um dos parceiros do projeto, a Gasol Combustíveis. São mais de 30 pessoas formadas na primeira turma e há mais de 30 à espera do início do novo treinamento.
Segundo a Presidente da ABDF, Associação dos Bibliotecários do Distrito Federal, Iza Antunes, nunca houve um programa para levar bibliotecas de qualidade, com livros catalogados, atualizados e com treinamento específico para equipes de manutenção, como o promovido pelas instituições que compõem o corpo de voluntários do Projeto Bibliotecas do Saber.

DIA DE FESTA



Maestro Orgmar e banda municipal de Imperatriz - MA

Estava à toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

A minha gente sofrida
Despediu-se da dor
Pra ver a banda passar
 
Cantando coisas de amor
O homem sério que contava dinheiro parou
O faroleiro que contava vantagem parou
A namorada que contava as estrelas parou
Para ver, ouvir e dar passagem

A moça triste que vivia calada sorriu
A rosa triste que vivia fechada se abriu
E a meninada toda se assanhou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

A minha gente sofrida
Despediu-se da dor
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
...

Chico Buarque

DIA DE FESTA



TECENDO A MANHÃ

Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.

E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão

João Cabral de Melo Neto