quarta-feira, 29 de setembro de 2010

CASA DAS ARTES

                               http://www.youtube.com/watch?v=7B7nawlmn_A&feature=geosearch

Alexandre Almeida  - Documentarista

Implantar a Biblioteca Comunitária Professora Maria de Jesus, foi desde o início, dois grandes desafios que passavam pela articulação dos moradores e pelo envolvimento do poder público na iniciativa. 

Por ser precária a existência de projetos voltados para a comunidade, seja de proteção e utilização dos bens naturais da reserva, tanto do cerrado quanto da mata de babaçu, ou ainda, a ausência de atividades de formação e informação de modo geral, alguns fatores foram determinantes para o lançamento da proposta à comunidade, desde a falta de acesso dos jovens a um acervo para leitura e pesquisa de trabalhos escolares, até a ausência de políticas públicas voltada para os moradores da Resex. 

Chamou-nos a atenção a ausência de um espaço para encontros culturais aonde pudesse acontecer troca de saberes entre os estudantes e os mestres da cultura tradicional, estabelecendo diálogo entre a valorização da cultura tradicional nos aspectos culturais e ambientais, desta inquietação nasceu a idéia da Biblioteca como espaço catalisador das ações educativas e culturais. 

Recebemos a doação do acervo e do mobiliário para a Casa das Artes, e sensibilizados com a luta de alguns moradores do povoado, como Dona Alice e seu José, Dona Silvania e Seu Aloísio, Jakelyne que desde o nove anos de idade cuidava com empenho do pequeno acervo, direcionamos a doação com a certeza de estarmos cumprindo nossa função social de entidade comprometida com a erradicação do analfabetismo e pela democratização do livro.


Alexandre Almeida
Presidente da Casa das Artes
Imperatriz-MA

RELATORIO DA EMPELEITA

Recuperando os documentos, e-mails e arquivos criados na mobilização que fizemos para implantarmos a BIBLIOTECA PROFESSORA MARIA DE JESUS, encontrei esta cartinha que escrevi à grande articuladora da Casa do Saber Carmen Gramacho e achei por bem partilhar com vocês um pouco do nosso processo árduo e prazeroso


(Pintada, quase chegando na BIBLIOTECA)


Oi querida que a luz permaneça contigo!

Vamos ao nosso relatório do encontro com as lideranças em ÁGUA VIVA

1. Estrada de chão, razoavelmente boa e destino certo. Ansiedade e alegria. Parada final do ônibus que vai duas vezes por dia para o povoado, paro e ofereço carona a uma senhora moradora de um dos assentamentos e seguimos viagem. Chegando por lá procurei o Antonio e o encontrei na peleja diária de um homem da roça: debulhando milho na porta de casa. Terreiro cheiroso por causa das mangas que caem por esta época do ano. ANTONIO é uma liderança entre as quebradeiras de coco babaçu (profissão feminina que poucos homens se atrevem entrar)

2. Relatei brevemente o que estava acontecendo e perguntei se podia me acompanhar até a Vila São Luis (3 km). Disse que ia "se banhar” e logo chegava de bicicleta. (aqui em nossa região falamos assim: vou se banhar!) Lá vai passando uma moça de uns 30 anos, pedalando uma bicicleta e com a pressa dos afazeres de sempre. Ele a chama e pede que eu explique a ela a novidade, que de pronto disse que iria se ajeitar e logo chegaria à reunião.

ADJUTÓRIO

SONHO QUE SE SONHO JUNTO É REALIDADE
SAMYLA E DANIELA - Alunas de D.Silvana

3. Segunda parada (dois km depois) casa da professora D.Silvana, uma jovem professora da escola do povoado que tem 50 alunos e todas as necessidades imagináveis, que fica ao lado do prédio simples que irá abrigar a Biblioteca Professora Maria de Jesus, com o apoio da Casa do Saber e da Casa das Artes. Ela tem sido uma parceira imprescindível nessa luta pela qualidade de vida para os moradores da pequena e pobre vila. Relatei nossa história e pedi que convidasse mais pessoas para um conversa breve e segui adiante até a próxima parada.

4. Mais uma parada, dessa vez uma casa bem conhecida, casa de Dona Alice, vice presidente da associação. Encontro ela e seu José descascando mandioca para fazerem a farinha de puba. Conto rapidamente da reunião e peço pra se aprontarem enquanto busco Zezé, outra liderança. Ah! E antes que esqueça: são meus pais. Ele já havia feito umas duas estantes para uns livros que vínhamos ajuntando daqui, dacolá... Ela sempre limpando da poeira e pedindo a um a outro que consiga livros.

5. Mais 3km e procuro D.Zezé. Não encontrei. Voltei na reserva do combustível e ansiosa para a reunião. Ansiosa e duplamente feliz cheguei.

ADJUTÓRIO


UM MAIS UM É MAIS QUE DOIS...



Victor Diniz e o avô Seu José Ferreira Diniz

6. Oito lidernças na reunião. Todas ansiosas pelos detalhes da notícia. Explico com mais calma e logo em seguida os depoimentos de felicidade. Digo da missão de enviar o nome da Biblioteca e das decisões rápidas que precisamos tomar. 1) o nome da Biblioteca, que já havia sido batizada com outro nome e isso é uma explicação à parte (rsrs). Quando publiquei meu segundo livro (2003) fiz uma homenagem à comunidade e por haver jogado a semente da biblioteca eles colocaram o sobrenome da nossa família, fato que nos orgulhou muito, mas como não alimentamos orgulho agradecemos a homenagem e pedimos que não fosse esse o nome. Não adiantou. Eles disseram que ia permanecer. E fiz na reunião uma retomada dessa história dizendo que agora chegou a hora de mudar isso e esclarecemos os motivos novamente. Sugerimos o nome da primeira professora do município ou o nome de uma planta. O grupo bem aceitou e logo surgiram outros quatro nomes, entre eles o da Professora Maria de Jesus, responsável pela alfabetização de muitos moradores do povoado.

7. Nome escolhido, dividimos o grupo para a segunda decisão. Fazer um levantamento dos reparos a serem feitos na sede, que mede 5m x 8m, paredes ainda não rebocada e piso “morto” (sem cerâmica). Encontro marcado para o dia seguinte. A partir disso a mobilização para o mutirão e deixar pronto o espaço para receber o presente de “mamãe Noela”.

ADJUTÓRIO

A SAGA CONTINUA... MUTIRÃO

José Guilherme(fundo), Ronaldo(?) Antonio, Zé Ferreira e Alexandre Almeida

8. Quanto à data para a inauguração pensamos em duas propostas. A primeira para o dia 29 de dezembro e a outra para o dia 09 de janeiro de 2009. As mesmas foram pensadas de modo a ficar mais tempo para os preparativos.

9. Poderíamos conseguir em menor tempo, se tivéssemos o dinheiro pronto para o investimento, entretanto entendo que a mobilização da comunidade é importante para que se sinta de fato responsável e dona do espaço. Oportunistas não faltariam para ajudar, mas não queremos arriscar sequer propor. De qualquer modo vou ligar para os amigos que Elano me passou os números e ver o que pode ser feito de modo mais rápido e inaugurarmos antes do natal. (telhados, reboco, pintura simples).

MISSÃO CUMPRIDA?


Ronaldo(?), Seu Aloísio, Lília Diniz, José Ferreira e Antonio(ATRAMAG)

10. Missão cumprida, eis aqui os detalhes: Biblioteca Professora Maria de Jesus. Parceiros: Casa das Artes (segue a logomarca em outro arquivo) e Associação dos Pequenos Criadores e Produtores Rurais do Assentamento Alegria II – Povoado São Luiz. Davinópolis – MA. Segue também umas imagens de desenhos dos moradores feitos em 2003. Esses e outros viraram cartões postais e fazem parte da divulgação que faço do maranhão e sua gente simples e rica de ensinamentos.

11. O que dizer mais? As lideranças pediram que te agradecesse e a todos e todas que estão organizando essa caravana da alegria. 

Tua irmã
Lília Diniz

NO PRINCIPIO ERA ASSIM...

NOSSO PRIMEIRO ACERVO


 Fruto de doações, o pequeno acervo foi guardado
e cuidado pelas mãos cuidadosas da Jakelyne, por D.Alice e D. Silvana 
que aprenderam a tecer a esperança cuidadosamente
como nos ensina Neruda

"Se cada dia cai, dentro de cada noite,
há um poço

onde a claridade está presa.


Há que sentar-se na beira

do poço da sombra

e pescar luz caída

com paciência. "

E LÁ SE FORAM 6 ANOS...


A Biblioteca Comunitária Professora Maria de Jesus, idealizada pela Casa das Artes, localizada no povoado da Pintada, município de Davinópolis, foi inaugurada dia 17 de agosto. Ela é a unidade 34 do Projeto Bibliotecas Casa do Saber, que será coordenada pela Casa das Artes.
Na oportunidade da inauguração, duas representantes do projeto Casa do Saber/DF estiveram presentes para vistoriar e fazer a catalogação dos livros recebidos de acordo com as normas universais de bibliotecas. Carmen Ganzelevitch Gramacho, Vice-Presidente da FACIDF, Federação das Associações Comerciais do Distrito Federal e Entorno, é a Coordenadora Geral do projeto, cujo trabalho engloba as visitas às regiões carentes de bibliotecas e avaliação do tipo de instalações que deverão ser feitas. Outra presença é da especialista em planejamento, organização e informatização de bibliotecas, Iza Antunes de Araújo, que é uma das profissionais mais qualificadas do país e vem se dedicando à Casa do Saber de modo integral.
Ao todo foram recebidos 1.500 livros, 20 estantes, 01 computador, 04 mesas com cadeiras, 02 armários, além de ajuda financeira para compra de materiais para a reforma do prédio cedido pela Associação de Agricultores e Pequenos Produtores da Vila São Luis.
A Rede Gasol, principal patrocinadora do projeto, faz parte da história do Brasil no caminho rumo à modernização e iniciou sua trajetória junto com a construção de Brasília, em 1958. Hoje apóia o projeto a Casa do Saber, que tem sido o maior desafio da empresa. Iniciado para atender as cidades do DF e entorno o projeto já atendeu outros estados e até outros países, como no caso de Angola. Ao todo são mais de quarenta unidades funcionando plenamente.
Os móveis foram fabricados e transportados pela Futura Móveis, empresa localizada em Brasília, que fabrica móveis ergonômicos e entregou o material de primeira linha para a tão sonhada biblioteca no povoado da Vila São Luís, antiga Pintada.
Além de toda a estrutura oferecida, a Biblioteca Casa do Saber ainda conta com uma rede de voluntários muito especiais. Entidades e profissionais altamente qualificados e comprometidos com a democratização da leitura, como é o caso da Associação dos Bibliotecários do Distrito Federal, que garantem a qualidade do programa, fazendo a catalogação dos livros com treinamento específico para equipes de manutenção das unidades.
Parceiros de Imperatriz e Davinópolis também foram fundamentais para a instalação da Biblioteca, entre eles o Feirão dos Móveis, a Prefeitura de Davinópolis, amigos da Casa das Artes que fazem doações constantes de livros e especialmente a Associação que emprestou o prédio e os moradores que se mobilizaram em mutirões.
A Casa das Artes pretende ampliar as ações da Biblioteca Comunitária Professora Maria de Jesus com a implantação de projetos de formação e qualificação dos jovens e adolescentes das comunidades que desfrutarão do acervo para pesquisa e leitura.
Contatos: Lilia Diniz: 99- 8100-8783
Em 21 de agosto de 2009/Jonal Pequeno

ATÉ AGORA NÃO SAIU DO PAPEL



Nossa história é aqui


DECRETO de 20 de Maio de 1992

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando das atribuições que lhe confere o artigo 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista as disposições do artigo 9°, inciso VI, da Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981. com a redação dada pela Lei n° 7.804, de 18 de julho de 1989, decreta:

Art. 1º Fica criada, no Estado do Maranhão, a Reserva Extrativista da Mata Grande, com área aproximada de 10.450ha (dez mil, quatrocentos e cinqüenta hectares), que passa a integrar a estrutura do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), autarquia vinculada à Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República...
....
Art. 2º O Poder Público deverá proceder às desapropriações que se fizerem necessárias e, nos termos do art. 4º do Decreto nº 98.897, de 30 de janeiro de 1990, a outorga dos contratos de concessão de direito real de uso à população com tradição extrativista.

Parágrafo único. Caberá, ainda, ao Poder Executivo, a permanente gestão no sentido de assegurar a eficaz destinação da área descrita no art. 1º deste decreto.

Art. 3º O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis Ibama, quando da implantação, proteção e administração da Reserva Extrativista da Mata Grande, poderá celebrar convênios com as organizações legalmente constituídas, tais como cooperativas e associações existentes na reserva, para definir as medidas que se fizerem necessárias à implantação da mesma.

Art. 4º A área da reserva extrativista ora criada fica declarada de interesse social, para fins ecológicos, na forma da legislação vigente, ficando o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis Ibama, autorizado a promover as desapropriações que se fizerem necessárias.

Art. 5º Este decreto entrará em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 20 de maio de 1992; 171º da Independência e 104º da República